sábado, 13 de agosto de 2011

Que incrível


Fechei o livro. Mao Tse-Tung olha pra mim. Nunca soube o porquê das minhas obsessões instantâneas. Gosto de alguma coisa e passo a estudá-la compulsivamente. Escolhi a China. Onde estou querendo chegar é que parei de ler o livro para ver um homem grisalho passar com sua filha. Ela deve ter por volta dos oito anos e segurava um livro qualquer. Penso no meu pai. Meu pai.

Quando você tem filhos, esposa/marido, e um bom emprego, sua vida desmorona, ainda não parei para pensar porque isso acontece, verdade incontestável para a maioria das pessoas, pelo menos, eu, com meus quinze anos inúteis, só conheço um casal que está bem, e nem sei se eles estão bem. Depois que você resolve todos os seus problemas, passa a criar outros que não existem para se distrair, inconscientemente, Toda a fase de desmoronar tem um vício, bebidas, drogas, jogatinas, papai preza por remédios, antidepressivos, para dormir, não importa. Qualquer coisa, motivo de remédios, motivo de querer ser dopado. Danem-se os remédios de tarja preta nojentos nos armários das pessoas que querem se dopar, danem-se.
Por parte, sempre simpatizei com as famílias felizes que vão com os filhos a biblioteca nos finais de semanas, pessoas que gostam de estar com outras pessoas em lugares irrelevantes simplesmente por estar, pais e filhos. Fantasia de toda a criança de família ausente, generalizando, toda criança normal e com menos sorte, sendo os pais ricos ou muito menos ricos.

O homem e sua filha passam pelo corredor externo da biblioteca conversando felizes. Saíram da biblioteca, suas vidas continuam a não ser da minha conta. Daqui a anos, ninguém vai se lembrar de como era o pai, a filha, o livro, e isso tudo não vai passar de uma constatação. O aprendizado é sempre o mesmo. Volte a ler o livro.

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